logo-1-b
Previous slide
Next slide

Aposentada aos 22 por lesões, atleta lamenta: “Meu corpo não foi feito para a ginástica rítmica”

Déborah Medrado chegou a ter parte dos dedos do pé cortados em cirurgia para seguir no esporte, mas após competir no sacrifício em Paris, chegou ao limite e decidiu se aposentar

Déborah Medrado nas Olimpíadas de Paris — Foto: Ricardo Bufolin

O sorriso é a marca registrada de Déborah Medrado, que liderou o Brasil em uma campanha histórica na ginástica rítmica em Paris 2024. Mas ele escondeu fortes dores ao longo de toda a carreira da ginasta. Após inúmeras lesões e três cirurgias, aos 22 anos, Déborah chegou ao limite e decidiu se aposentar no fim deste ano. Em entrevista ao ge, ela desabafou sobre as dificuldades que enfrentou, como uma intervenção para diminuir seus dedos dos pés, relembrou as principais conquistas e a despedida amarga nas Olimpíadas, quando competiu lesionada.

— O que me fez decidir pela aposentadoria foram as dores e as lesões. Tenho uma cirurgia no joelho e uma em cada pé. Desde que entrei para a seleção, por mais que a gente fortaleça muito e tenha os trabalhos preventivos, parece que meu corpo não foi feito para a ginástica rítmica. Tenho o talento, a vontade e os sonhos, mas parece que meu corpo não me ajuda. Esses anos foram muito sacrificantes. Eu vivia no departamento médico — desabafou Déborah.

Déborah representou o Brasil em dois ciclos olímpicos (Tóquio 2020 e Paris 2024). Uma das caras da renovação da ginástica rítmica brasileira, a ginasta foi essencial na conquista de resultados inéditos na modalidade. Déborah sempre conviveu com as dores nesse período com a seleção, mas o maior susto foi antes do adiamento das Olimpíadas de Tóquio, em 2020.

Déborah Medrado durante treinamento em Paris 2024 — Foto: Ricardo Bufolin

Déborah Medrado durante treinamento em Paris 2024 — Foto: Ricardo Bufolin

Às vésperas dos Jogos, Déborah estava com os pés lesionados porque o formato dos segundos dedos dificultava a execução de movimentos básicos da ginástica. Por isso, os médicos decidiram que Déborah não conseguiria continuar treinando se não passasse por uma osteotomia, procedimento cirúrgico que consiste em cortar os ossos para corrigir o alinhamento dos membros.

— Perceberam que meus pés tinham um formato anatômico difícil para a ginástica rítmica. O segundo dedo (metatarso) era maior do que os outros. A gente passava dez horas por dia na meia ponta e a sobrecarga ficava toda nesse osso. Eles fizeram de tudo para eu sentir menos dor. Eu treinava de tênis. Aí veio a escolha: ou eu tentava fazer a cirurgia, que foi um tiro no escuro, ou eu saia da seleção, porque não tinha como seguir treinando. Decidimos fazer. Os médicos cortaram o segundo metatarso de cada pé. Quando o osso consolidasse, ele diminuiria de tamanho. E diminuiu mesmo. Isso facilitou fazer o movimento de meia ponta. Agora meu peso é mais bem distribuído no pé — explicou.

Com o adiamento dos Jogos, Déborah conseguiu se recuperar a tempo de Tóquio em 2021. Ainda ajudou o conjunto a conquistar a vaga olímpica, chegando a ir para a final das disputas na Copa do Mundo.

— Foi uma das épocas mais difíceis da minha vida. Eu sentia dor para fazer coisas normais. Levantava da cama e já colocava um tênis. Não tinha qualidade de vida. Quis tentar a cirurgia por isso, mas as Olimpíadas de Tóquio eram naquele ano (2020), eu ia ter que adiar meu sonho. Um mês depois, as Olimpíadas foram adiadas. Eu estava triste porque não ia, mas nessa hora veio a esperança. Meu osso estava demorando muito para consolidar, demorou cerca de seis a oito meses. Eu treinava sentada, com as meninas na chamada de vídeo, para conseguir passar as séries. Comecei um tratamento intensivo e, em 2021, voltei para o conjunto. Entrei substituindo uma outra ginasta e consegui mostrar para a treinadora que sabia a série — lembrou.

A cirurgia a ajudou a continuar por mais um ciclo olímpico, por mais que as dores ainda estivessem presentes. Mas, perto das Olimpíadas de Paris, parecia que o pesadelo iria se repetir. Déborah foi diagnosticada com uma fratura por estresse um mês antes dos Jogos e conta que competiu lesionada, sentindo dores até para andar. Com o corpo dando sinais de esgotamento, a ginasta teve a certeza de que precisava se aposentar.

— Mesmo operando, eu continuava tendo edemas e sentindo dores, mas minha lesão estava no grau um. Só que, um mês antes das Olimpíadas de Paris, eu tive uma fratura por estresse. Eu competi com o pé fraturado, sentindo dores até para andar. A gente tentava dosar o treinamento, a equipe me ajudou com muito zelo. Não teve recomendação médica para não competir, mas tinham recomendações para dosar os treinamentos. Eu me encorajava e arrumava forças porque sabia que eram as últimas semanas — falou Déborah.

As Olimpíadas de Paris foram a última competição de Déborah com a seleção. A ginasta anunciou a aposentadoria no final de novembro, após uma apresentação na Cerimônia de Abertura do Campeonato Brasileiro de Ginástica Rítmica. Em uma postagem nas redes sociais, ela explicou a decisão.

Mesmo longe das competições, Déborah pretende continuar trabalhando com a ginástica rítmica após terminar a faculdade de educação física.

— Entendi que posso ajudar de outra forma. Acho que tem muitas áreas da ginástica onde posso contribuir com minha experiência. Eu tenho sonhos que ainda nem sei que quero realizar. Eu amo muito isso aqui, mas agora é hora de finalizar um ciclo. Agora quero finalizar a faculdade, mas pretendo muito trabalhar com a ginástica, montar coreografias. Estou até começando a estudar o código, quem sabe trabalhar na arbitragem.

Déborah Medrado em Paris 2024 — Foto: Ricardo Bufolin

Déborah Medrado em Paris 2024 — Foto: Ricardo Bufolin

Momento histórico

Déborah entrou para a seleção adulta em 2018, aos 16 anos, em um período difícil para a equipe. Apesar do momento de renovação, a atleta ajudou a colocar o conjunto na elite mundial da ginástica rítmica, conquistando os melhores resultados do Brasil na história da modalidade.

— Foram os melhores anos, mas lesões sempre estiveram ali. A gente conquistou os melhores resultados da vida nesse ciclo, mas a cada ano ia ficando mais difícil para mim. Na ginástica rítmica, treinamos pela perfeição, e é um esporte muito difícil por causa disso. Não é só você, é um conjunto. Você tem que ser uma das cinco melhores mentalmente, fisicamente, tecnicamente — lembrou.

Conjunto do Brasil na ginástica rítmica dos Jogos de Paris em 2024 — Foto: Ricardo Bufolin/CBG

Conjunto do Brasil na ginástica rítmica dos Jogos de Paris em 2024 — Foto: Ricardo Bufolin/CBG

A primeira medalha em Copa do Mundo veio em 2022, com o bronze na final da série mista. Em Sófia, a equipe conquistou o melhor resultado geral na história do conjunto com o quinto lugar. Continuando a sequência de bons resultados, a vaga para as Olimpíadas de Paris foi assegurada logo no Mundial, um feito inédito para a seleçãoO Brasil chegou no Pan-Americano de Santiago, em 2023, com a vaga garantida e ainda faturou oito ouros. Mesmo sem a participação de Déborah, a ginástica rítmica brasileira fechou a competição com 100% de aproveitamento.

A despedida amarga em Paris 2024

Após o ouro no Pan de Santiago e no Mundial de 2024, o Brasil chegou nas Olimpíadas de Paris com chances de pódio no conjunto pela primeira vez na história. Mas quando Victória sofreu uma contratura muscular na panturrilha esquerda durante o aquecimento para a segunda rotação, ficou claro que o sonho do pódio seria adiado. Sem poder substituir a atleta, o conjunto brasileiro terminou a competição em nono lugar.

— A gente viveu um momento de luto. Antes era um assunto mais sensível, mas acho que estamos digerindo, apesar de ainda doer. Pode acontecer com qualquer um. O que me conforta é que me entreguei de corpo e alma. Fiz tudo o que deveria fazer e isso me deixou mais firme — falou Déborah.

Fonte: globo


VOX SPORTS

Inovador e dinâmico, o espaço VOX SPORTS tem como objetivo principal trazer as últimas notícias, análises e atualizações dos eventos esportivos de todas as partes mundo.

Aqui você vai conferir uma abordagem abrangente e inclusiva, a VOX SPORTS não apenas mantém o público informado sobre as últimas novidades no cenário esportivo, mas também contribui para o crescimento e a visibilidade do esporte em todas as suas dimensões.

Representação e Visibilidade

O espaço se dedica a destacar e promover o esporte local, oferecendo apoio para que atletas e projetos esportivos regionais ganhem visibilidade e reconhecimento.

Projeto Futuro Tênis de Mesa

Associação sem fins lucrativos localizada em Santa Maria, está oferecendo uma excelente oportunidade para os amantes do esporte.

A iniciativa conta com o apoio de professores do curso de Educação Física da Universidade Federal de Santa Maria e colaboradores voluntários dedicados, que trabalham para oferecer uma experiência enriquecedora para todos os participantes.

Modalidades Oferecidas:

  • Tênis de Mesa Amador: Para aqueles que buscam praticar o esporte de forma recreativa e divertida.
  • Tênis de Mesa Profissional: Voltado para atletas que desejam competir em um nível mais elevado.

Participe e viva a emoção do tênis de mesa com o Projeto Futuro!
Telefone: (55) 9 9200-8270
Responsável: Leonardo Santos Lima
Endereço: Sede no Shopping Monet
Av. Fernando Ferrari, 1483 – Nossa Sra. de Lourdes, Santa Maria – RS

Compartilhe